quinta-feira, 7 de julho de 2011

Agora que os tecidos enrugados
as fotos amareladas
as amizades desvinculadas
pelos óbitos desconcertados
os pecados dissimulados
as imperfeições bem guardadas
as mentiras mal fadadas
mantendo sonhos de embriagues extrema
somente agora
compreendo que és maior
e fecho os olhos
na espera de teu beijo letal
Caminharei meus passos chapados
até que o sol se faça presente
descansarei sob alguma árvore
prostrada às margens do caminho
conversarei com meus botões
minhas botas cansadas
meus cigarros amassados
e quando a lua soar entre estrelas
caminharei novamente
as idéias que não cessam
os sonhos que alimento
beberei com estranhos
sucumbirei às horas
e me entregarei às autoridades
eu e minha ideologia utópica.

Foi n’algum fim de tarde
de velhos dias distantes
onde o sol sorria gratuitamente
e os pássaros cantavam errantes
que finalmente compreendi...

- É preciso beber vida no cálice da arte.
Em olhos ávidos de expressão
leio a quintessência
do que verte meu olhar.

Qual intento de resistência,
qual cárcere para aprisionar
este louco ao chão?

Agora que os sinos do sonhar
simbilam a evidência
com muito gosto e tesão.